O REI DA VELA - OSWALDO DE ANDRADE
O Rei da Vela constitui-se no texto teatral mais importante de Oswald de Andrade, publicado em 1937, representado em 3 atos.
A encenação desta peça marcou época na história do teatro brasileiro. Os protagonistas Abelardo I e Heloísa, ambos de tradição medieval. Abelardo I é um representante da burguesia ascendente da época que alia seu oportunismo à crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque, de 1929. Isso permite-lhe todo tipo de especulação: ''com o café, com a indústria etc. A caracterização de Abelardo I como o "Rei da Vela" é extremamente irônica, pois ele fabrica e vende velas.
Abelardo I torna-se, então, o símbolo da exploração às custas da pobreza e das superstições populares. Como personagem, ele denuncia a invasão do capital estrangeiro; daí a irônica consideração sobre "a chave milagrosa da fortuna". Seus devedores se apresentam, na peça, dentro de uma jaula. Acontece uma cena em que são examinadas as contas dos clientes, dando idéia do funcionamento do escritório após uma cena que entra Heloísa de Lesbos, noiva de Abelardo I e como o próprio nome indica, tem tendências homossexuais.
Abelardo e Heloísa, nomes escolhidos por Oswald de Andrade, são dois famosos amantes da Idade Média, daí um tom de ironia na peça teatral.
Heloísa representa a ruína da classe fazendeira. Seu pai, coronel latifundiário, vai à falência, num plano em que predomina a perversão e o vício, símbolos de uma classe social em decadência.
Abelardo I e Heloísa casam-se. Heloísa casa-se por interesse e Abelardo I sabia disso, mas não se sente atraiçoado porque também vê vantagens nessa união. A aliança de Abelardo e Heloísa pode assim, representar a fusão de duas classes sociais corrompidas pelo sistema capitalista.
Surge na cena um intelectual chamado Pinote, que o autor utiliza para demonstrar a relação dos intelectuais e dos artistas com o poder. Na realidade, ou o artista deveria comprometer-se com o social ou, como o personagem Pinote, aceitar em servir aos burgueses.
Uma outra personagem vem a completar o quadro social do Brasil da época, o Mr. Jones, que simboliza o capital americano. A presença de Mr. Jones revela um país comprometido economicamente.
Logo no início do segundo ato, que agora passa-se numa ilha tropical na Baia de Guanabara, surge Heloísa e Mr. Jones em franca camaradagem amorosa. É apresentada a mãe de Heloísa, D. Cesarina que mostra-se bastante acessível às investidas amorosas de seu futuro genro, o Abelardo I; seu irmão homossexual, Totó Fruta-do-Conde, acaba roubando o amante da outra irmã, a Joana; restava ainda o Perdigoto, o outro irmão da moça, bêbado, jogador e fascista que planejava organizar uma "milícia patriótica, para combater os colonos que estavam ficando incontroláveis", idéia que muito interessou a Abelardo I.
O americano, Mr. Jones, interessa-se pelo chofer e D. Poloca uma velha de 60 anos aristocrata e virgem fica tentada a entregar-se a Abelardo I.
No último ato, Abelardo I é roubado por Abelardo II, seu antigo empregado. Abelardo I perde tudo o que tinha e decide suicidar-se. Antes de morrer lembra a Heloísa que ela deverá casar-se com o Abelardo II, o ladrão. Antes de morrer Abelardo I pede uma vela. Recebe uma vela das mais baratas e, agora pobre, o Rei da Vela é enterrado numa vala comum. A peça termina ao som da marcha nupcial do casamento de Abelardo II e Heloísa, simbolizando a idéia de que morre o homem e o sistema permanece. O casamento de Heloísa com Abelardo II garante que a burguesia está condenada e que os proletários tomarão o poder. A aristocracia rural e a burguesia nacional continuarão submetidas ao americano – o capital estrangeiro.
Após a morte de Abelardo I o entra em cena e fala: "Oh! Good business!"
Fonte: http://pt.shvoong.com/entertainment/plays/1658588-rei-da-vela/#ixzz1PpyJ4fsm
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