sexta-feira, 25 de março de 2011

Desconstrução da Violência

“Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz” Jesus


1 TEMA

A leitura com um dos condutos para a construção da cultura da Paz.

2 JUSTIFICATIVA

O estabelecimento de ensino estadual fundamental e médio “Dr. Freitas” possui uma biblioteca escolar com vasto acervo literário o que possibilita o conhecimento para o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar que contribua com a formação de leitores consciente enquanto cidadãos responsáveis na construção para uma cultura da paz.
O projeto de leitura para a cultura da paz pode trazer como subsídios:
a- para escola: permite uma reflexão dos papéis de todos os segmentos da comunidade escolar, tendo em vista a criação de ambientes éticos nos espaços educativos, de modo a permitir uma educação que promova a democracia e a justiça social.
b- para os alunos envolvidos no projeto: uma prática social mais responsável perante a vida;
c- para a sociedade: aprende a ser cidadão e cidadã , entre outras coisas, aprende a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência; aprende, também a usar o diálogo nas mais diferentes situações e compromete-se com o que acontece na vida coletiva da comunidade e do país.
Portanto, o que move este projeto é o intento de que podemos contribuir na preparação do aluno para a vida em comunidade e para o mercado de trabalho. E também colaborar para o desenvolvimento da responsabilidade ética.
Elegemos a Paz como eixo do nosso trabalho por entendermos que ela é imprescindível para o relacionamento intrapessoal e interpessoal, pois consideramos que as relações sociais constituem a pedra de toque no processo evolutivo do ser humano.


3 OBJETIVO GERAL

O projeto tem como objetivo principal trabalhar a leitura numa perspectiva de desconstrução da cultura da violência no mundo.



3.1 Objetivos Específicos

3.1.1 - Despertar no aluno o prazer da leitura e formar cidadão leitor;

3.1.2 – Desenvolver ações de leitura que possibilite ao usuário da biblioteca um posicionamento crítico perante a vida;

3.1.3 – Disponibilizar a biblioteca escolar para interagir com os diversos espaços pedagógicos;

3.1.4 – Promover leituras com temas diversificados;

3.1.5 – Propiciar atividades reflexivas de ações das personalidades que foram referências de Paz no mundo.


4 METODOLOGIA

O projeto constará das seguintes etapas:

►1ª Etapa – Divulgação do projeto através de cartazes afixados na biblioteca.

►2ª Etapa – Organização de uma gincana literária para os alunos do ensino médio na qual serão envolvidas no processo a sala de aula, sala de informática e a biblioteca. Os alunos farão as inscrições para a gincana através do “Blog” da biblioteca, podendo utilizar a sala de informática da escola, ou outro local. A abertura do evento será feita através da música, do teatro e da poesia que focalize conteúdos direcionados para a construção da Paz no mundo.

►3ª Etapa – No ensino fundamental, serão desenvolvidas atividades de leituras dramatizadas com temas regionais e universais possibilitando aos alunos reflexões e construções de relações fundamentadas na liberdade, na solidariedade e no companheirismo.

►4ª Etapa – Construção da hemeroteca com o tema “O Meio Ambiente Amazônico”, porque a manutenção da vida no Planeta Terra depende da Paz e através do conhecimento das causas históricas e sociais é que provocaremos mudanças para melhorar as desigualdades sociais, os preconceitos, a cultura autoritária, o individualismo, a intolerância e a destruição do meio ambiente. Nesta etapa, a biblioteca trabalhará com o laboratório de ciências e o professor de Biologia.

►5ª Etapa – Refletir sobre diversos tipos de violência, como: contra crianças, animais, os idosos, a mulher, contra pessoas de opção sexual diferente, contra pessoas de raças diferentes, contra a natureza, contra os direitos do cidadão, contra o bem público, contra o bem particular e outros.



5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
No decorrer do ano letivo, Será desenvolvida ação juntamente com os professores.


6. BIBLIOGRAFIA

Brasil, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTEAL. Parâmetros curriculares Nacionais. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade, 25ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB) Lei Nº 9.394, ano 1996.
ÉTICA E CIDADANIA. CONSTRUINDO VALORES NA ESCOLA E NA SOCIEDADE. LUCIA HELENA LODI E ULISSES F. ARAÚJO.

CARTILHA PRÓ-PAZ EDUCAÇÃO. A COMUNIDADE ESCOLAR CONSTRUINDO A CULTURA DE PAZ. GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Projeto Sala de Aula e Biblioteca

EEEFM “DR. FREITAS”
PROJETO
MONTEIRO LOBATO: O MARAVILHOSO MUNDO DA LEITURA

PROFESSORES ENVOLVIDOS: Aurélia Vasco, Olindina Passos, Marly Augusto Moreira, Francione Sobral, Israel Gutemberg, Arnaldo Rodrigues, Rodrigo Bittencourt

INTRODUÇÃO
Quando pensamos em leitura, logo nos vem à mente a idéia de atividade mecânica de decodificação dos signos. No entanto, ler é mais que isso, é atribuir um significado ao texto, seja ele verbal ou não verbal, o qual é entendido como processo e não produto, já que é construído na interação. Além do mais, a leitura é uma forma de percepção, posto que ela não se reduz ao texto,
mas também à realidade, ao mundo que nos rodeia, que é, inclusive, objeto de nossas primeiras leituras, como assegura Paulo Freire.
Todavia, afirmam Silva e Abjadid (2005) que quando nos referimos à leitura de textos, é importante sabermos que só há atribuição de significados quando o leitor associa ao conhecimento de mundo um conhecimento linguístico. É o que se chama de interação de diferentes níveis de conhecimento. Ao se apropriar desses saberes, o leitor ficará apto à leitura e, consequentemente, terá mais chances de alcançar o conhecimento.
Com base nestas premissas nosso projeto visa expor a vida e obra de um dos maiores escritores brasileiro de todos os tempos, Monteiro Lobato, possibilitando ao alunado um contato maior com o prazer da leitura.
Por que exatamente Monteiro Lobato?
O maior escritor infantil brasileiro de todos os tempos, José Bento Monteiro Lobato, nasceu em 18 de abril de 1882, em Taubaté (SP). Cresceu numa fazenda, se formou em direito sem nenhum entusiasmo, já que sempre quis ser pintor! Desenhava bem! Quando estudante participou do grupo "O Cenáculo" e entre risadas e leituras insaciáveis, escreveu crônica e artigos irreverentes. Em 1907 foi para Areias como promotor público. Casou com Maria Pureza com quem teve quatro filhos. Entediado com a vida numa cidade pequena, escreveu prefácios, fez traduções, mudou para a fazenda Buquira, tentou modernizar a lavoura arcaica, criou o polêmico "Jeca Tatu", fez uma imensa e acalentada pesquisa sobre o SACI publicada no Jornal O Estado de São Paulo. - Em 1918 lançou, com sucesso, seu primeiro livro de contos URUPÊS. Fundou a Editora Monteiro Lobato & Cia, melhorando a qualidade gráfica vigente, lançando autores inéditos e chegando à falência. Em 1920 lançou A MENINA DO NARIZ ARREBITADO, com desenhos e capa de Voltolino, conseguindo sua adoção em escolas e uma edição recorde de 50.000 exemplares. - Fundou a Cia Editora Nacional no Rio de Janeiro. Convidado pra ser adido comercial em New York ficou lá por quatro anos (de 1927 a 1931) fascinados por Henry Ford, pela metalurgia e petróleo. Perdeu todo seu dinheiro no crash da bolsa. Voltou para o Brasil, se jogou na Campanha do Petróleo, fazendo conferências, enviando cartas, conscientizando o país inteiro da importância do óleo. Percebeu, então, o quanto era conhecido e popular. Foi preso! Alternou entusiasmo e depressão com o Brasil. Participou da Editora Brasiliense, morou em Buenos Aires, foi simpatizante comunista, escreveu para crianças ininterruptamente e com sucesso estrondoso, traduziu muito e teve suas obras traduzidas. Morreu em quatro de julho de 1948 dum acidente vascular. Suas obras completas são constituídas por 17 volumes dirigidos às crianças e 17 para adultos englobando contos, ensaios, artigos e correspondência.
Os textos de Monteiro Lobato fazem o seu leitor pensar, condicionando a formação de jovens e adultos com mais capacidade de raciocínio e com senso crítico em cidadania.
Outro ponto importante é a íntima união entre o real e o imaginário. São perfeitamente aceitáveis as existências de uma boneca de pano, a Emília que fala e é muito esperta, e de um boneco feito de um sabugo de milho, o Visconde de Sabugosa, que fala e é um sábio, por ter ficado, por algum tempo, junto com os livros nas estantes da biblioteca de Dona Benta, o que ressalta a importância do livro e da leitura.
Na obra infanto-juvenil de Monteiro Lobato não há as figuras maternas e paternas, que, com suas naturais ansiedades, têm tendências restritivas, com excessos de alertas. Situações, por vezes, impedidoras de ações e de pensamentos. A figura da avó tem ações mais amenas, permitindo que as coisas sejam feitas. Assume muita importância a palavra liberdade. Neste caso, liberdade de ação, ou seja, fazer para aprender. Desse modo, Monteiro Lobato ensina a pensar, possibilitando aos seus leitores, crianças e jovens, a liberdade de pensamento, evidentemente com razão e lógica e com inteligência.



JUSTIFICATIVA

Todos devem ler os livros que Monteiro Lobato escreveu, crianças e adultos. As crianças e os jovens para aprenderem muita coisa, entre elas um bom conhecimento da língua portuguesa e a formação de um senso crítico positivo das coisas que nos cercam, e os adultos a rever conceitos que, talvez, tenham esquecido, ou que não tenham aprendido.



OBJETIVOS:
Formar cidadãos críticos, reflexivos, entendedores de palavras escritas e faladas. Buscar uma nova abordagem para a leitura na escola pode ser uma solução, visto a sua atual utilização em nossas escolas. Tornar o ato de ler prazeroso, resgatando a magia da leitura de um bom texto é o caminho para a construção de apaixonados pela leitura. Para que isso aconteça é preciso criar um ambiente favorável na escola para incentivar o prazer pela leitura, podendo assim ser levado para casa esse prazer e ser transmitido a outras pessoas.
*Conhecer um pouco sobre a vida de Monteiro Lobato e suas obras;
* Avançar nas hipóteses de leitura e escrita;
* Desenvolver o gosto por ler e ouvir histórias;
* Produzir e revisar pequenos textos.


OBJETIVO COMPARTILHADO:
* Confecção de mural informativo e álbum com os personagens do Sítio do Picapau Amarelo.





TURMAS ENVOLVIDAS:
*501 E 502
*601 E 602



ESTRATÉGIAS:
* Leitura e produção de textos descritivos;
* Vídeo;
* Ilustrações;
* Confecção de mural e álbum




ETAPAS PREVISTAS:
A professora lerá para os alunos a biografia de Monteiro Lobato. Após a leitura, irá comentar que eles irão participar de um projeto sobre o mesmo, onde terão oportunidade de conhecer um pouco sobre a vida de Lobato e seus principais personagens (no caso, os do Sítio do Picapau Amarelo).



MATERIAIS:
- Datashow
- Caixa amplificada
- Computador

Monteiro Lobato: O Maravilhoso Mundo da Leitura

Dia Nacional do Livro Infantil

Nossa homenagem ao escritor Monteiro Lobato






Na sua maior parte, a obra de Monteiro Lobato é o resultado da reunião de textos escritos para jornais ou revistas. Comprometido com as grandes causas de seu tempo, o criador do Jeca Tatu engajou-se em campanhas por saúde, defesa do meio-ambiente, reforma agrária e petróleo, entre outros temas que continuam atuais. Ele arrebatava o público com artigos instigantes, que hoje, vistos de longe, constituem um precioso retrato de época, um painel socioeconômico, político e cultural do período. Dono de estilo conciso e vigoroso, com forte dose de ironia, utilizava uma linguagem clara e objetiva, compreensível ao grande público. Lobato revelou o mundo rural, então ignorado pelos escritores de gabinete que ele tanto criticava. “A nossa literatura é fabricada nas cidades”, dizia, “por sujeitos que não penetram nos campos de medo dos carrapatos”.
Principais obras:
1 – Reinações de Narizinho
2 – Viagem ao céu e O Saci
3 – Caçadas de Pedrinho e Hans Staden
4 – História do mundo para as crianças
5 – Memórias da Emília e Peter Pan
6 – Emília no país da gramática e Aritmética da Emília
7 – Geografia de Dona Benta
8 – Serões de Dona Benta e História das invenções
9 – D. Quixote das crianças
10 – O poço do Visconde
11 – Histórias de tia Nastácia
12 – O Picapau Amarelo e A reforma da natureza
13 – O Minotauro
14 – A chave do tamanho
15 – Fábulas
16 – Os doze trabalhos de Hércules (1º tomo)
17 – Os doze trabalhos de Hércules (2º tomo)

Leia alguns resumos dos livros que você encontra na Biblioteca Escolar “Ana Oliveira”.


1 – Reinações de Narizinho





O livro-mãe, a locomotiva do comboio, o puxa-fila. A saga do Picapau Amarelo começa. Aparecem Narizinho, Pedrinho, Emília, o Visconde, Rabicó, Quindim, Nastácia, o Burro Falante... e o milagre do estilo de Monteiro Lobato vai tramando uma série infinita de cenas e aventuras, em que a realidade e a fantasia, tratadas pela sua poderosa imaginação, misturam-se de maneira inextrincável - tal qual se dá normalmente na cabeça das crianças. O encanto que as crianças encontram nestas histórias vem sobretudo disso: são como se elas próprias as estivessem compondo em sua imaginativa, e na língua que todos falamos nessa terra - não em nenhuma língua artificial e artificiosa, mais produto da "literatura" do que da espontaneidade natural (1931).


2 – Viagem ao céu e O Saci




Pedrinho consegue obter uma boa dose do pó de pirlimpimpim, o pó mágico que transporta as criaturas a qualquer ponto do Espaço e a qualquer momento do Tempo. Distribuindo pitadas a Narizinho, Emília, Visconde, Nastácia e o Burro Falante, empreende a viagem ao céu astronômico. Vão parar na Lua, onde tia Nastácia vira cozinheira de São Jorge, enquanto os outros visitam Marte, Saturno e a Via Láctea, onde encontram o Anjinho de Asa Quebrada. Enquanto brincam no espaço sideral, vão aprendendo noções de astronomia. Só voltam de lá quando dona Benta os chama com um bom berro: "Já pra baixo, cambada!". Na segunda parte, "O Saci", desenvolve-se a estranha aventura vivida por Pedrinho que conseguiu pegar um saci com a peneira e conservá-lo preso numa garrafa. O diabinho de uma perna só proporciona ao garoto ensejo de conhecer a vida noturna e fantástica das matas - com visões da Mula Sem Cabeça, da Caapora, do Lobisomem, do Boitatá, e das principais criações mitológicas do nosso folclore (1932).


3 – Caçadas de Pedrinho e Hans Staden





Pedrinho organiza uma caçada de onça e sai vitorioso, como também sai vitorioso do ataque das onças e outros animais ao sítio de dona Benta. Depois encontra um rinoceronte, fugido de um circo do Rio de Janeiro, que se refugiara naquelas matas - um animal pacatíssimo do qual Emília tomou conta, depois de batizá-lo de Quindim. Completa o volume a narrativa feita por dona Benta das célebres aventuras de Hans Staden. Esse aventureiro alemão veio ao Brasil em 1559 e esteve nove meses prisioneiro dos tupinambás, assistindo a cenas de antropofagia e à espera de ser devorado de um momento para outro. Mas se salvou e voltou para a Alemanha. Lá publicou o seu livro: o primeiro que aparece com cenário brasileiro e um dos mais pungentes e vivos de todas as literaturas (1933).


4 – História do mundo para as crianças

Este livro de Monteiro Lobato teve uma aceitação excepcional. Nele o autor trata da evolução humana, e da história da humanidade no planeta, na organização clássica de todas as "histórias universais", mas escrita de modo extremamente atrativo, como um verdadeiro romance posto em linguagem infantil. As crianças lêem avidamente esse livro, como lêem as histórias da carochinha (1933).






5 – Memórias da Emília e Peter Pan




Emília, a terrível Emília, resolve contar suas memórias, ditando-as ao Visconde de Sabugosa. Das memórias de Emília sai o episódio, tão vivo e interessante, da visita das crianças inglesas ao sítio de dona Benta, trazidas pelo velho almirante Brown. Vieram para conhecer o Anjinho de Asa Quebrada, que Emília descobriu na Via Láctea, durante a Viagem ao Céu. Emília conta tudo - o que houve e o que não houve; e vai dando as suas ideiasinhas sobre tudo - ou a sua filosofia, que muitas vezes faz dona Benta olhar para tia Nastácia, e murmurar: "Já viu, que diabinha?". Na segunda parte, "Peter Pan", dona Benta recebe o famoso livro de John Barrie e o lê à sua moda para as crianças. Durante a leitura, às vezes interrompida por cenas provocadas pelos meninos e, sobretudo pela Emília, ocorre o caso do desaparecimento da sombra da tia Nastácia. Quem furtou a sombra da pobre negra? O Visconde é posto a investigar, e como é um excelente Sherlock, descobre tudo: artes da Emília... (1936).


6 – Emília no país da gramática e Aritmética da Emília



Temos aqui uma das obras-primas de Monteiro Lobato e o mais original de quantos livros se escreveram até hoje. Lobato representa a língua como uma cidade, a cidade da Gramática, e leva para lá o pessoalzinho do sítio, montado no rinoceronte. E é esse paciente paquiderme o gramático que tudo mostra e explica. Há a entrevista de Emília com o venerando Verbo Ser, que é pura criação. E a reforma ortográfica, que Emília opera à força, com o rinoceronte ali a seu lado para sustentar suas decisões, constitui um episódio que não só encanta as crianças pela fabulação como ensina as principais regras da ortografia. Na Aritmética da Emília, Monteiro Lobato usa do mesmo recurso e consegue, a partir de matéria tão árida como a aritmética, transformar o velho Trajano numa linda brincadeira no pomar. O quadro-negro em que faziam contas a giz era o couro do Quindim... (1934).


7 – Geografia de Dona Benta

Em vez de estudar geografia nos livros, como fazem todas as crianças, o pessoalzinho do sítio embarca no navio "O terror dos Mares" e sai pelo mundo afora, a "viver" geografia. E a geografia, aquele estudo penoso e às vezes tão sem graça, torna-se uma aventura linda, com paradas em inúmeros portos e descidas em terra para ver as coisas mais notáveis de todos os países. É brincadeira das mais divertidas e preciosíssimo curso de geografia (1935)


8 – Serões de Dona Benta e História das invenções


Certo dia, dona Benta resolve ensinar física aos meninos, e em vários serões faz um verdadeiro curso da matéria, melhor que quando feito, penosamente, nos colégios. A física perde a sua secura. Os diálogos, os incidentes, as constantes perguntas dos meninos e as ocasionais maluquices da Emília, amenizam o processo do aprendizado (1937).


9 – D. Quixote das crianças

As famosas aventuras de D. Quixote de la Mancha e de seu gordo escudeiro, Sancho, são aqui contadas por dona Benta, naquele modo de contar histórias que é só dela. Emília entusiasma-se com o herói e em certo momento resolve imitá-lo - e armada dum cabo de vassoura, feito lança, investe contra as galinhas do quintal. E tantas faz, que tia Nastácia teve que agarrá-la e prendê-la numa gaiola, como aconteceu com o herói da Mancha na sua loucura... (1936).


10 – O poço do Visconde

Um livro interessante em que a geologia, sobretudo a geologia especializada do petróleo, é exposta ao vivo e com profundo conhecimento da matéria. O Visconde vira geólogo, faz conferências, ensina a teoria e depois passa à prática, com a abertura de poços de petróleo nas terras do sítio de dona Benta. E tão bem são conduzidos os estudos geológicos e geofísicos, que a Companhia Donabentense de Petróleo, fundada pelo pessoal do sítio, consegue abrir o primeiro poço de petróleo do Brasil: o Caraminguá nº 1. É o livro pelo qual Monteiro Lobato leva sua campanha pelo petróleo aos leitores infanto-juvenis, como havia feito com os adultos em O Escândalo do Petróleo (1937).


11 – Histórias de tia Nastácia

São as histórias mais populares do nosso folclore, contadas por tia Nastácia e comentadas pelos meninos. Nesses comentários, no fim de cada história, Pedrinho, Narizinho e Emília revelam-se bem dotados de senso crítico, e "julgam" as histórias da negra com muito critério e segurança. É um livro que "ensina" a arte da crítica - lição que pela primeira vez um escritor procura transmitir às crianças (1937).



12 – O Picapau Amarelo e A reforma da natureza


Dona Benta adquire todas as terras em redor do sítio para atender a uma solicitação prodigiosa: os personagens das fábulas resolveram morar lá. Branca de Neve com os sete anões, D. Quixote e Sancho Pança, Peter Pan e os meninos perdidos do País do Nunca, a Gata Borralheira, todas as princesas e príncipes encantados das histórias da carochinha, os heróis da mitologia grega, tudo, tudo que é criação da Fábula muda-se com armas e bagagens para o Picapau Amarelo, levando os castelos, os palácios, as casinhas mimosas como a de Chapeuzinho Vermelho e até os mares. Peter Pan transporta pra lá até o Mar dos Piratas. Acontecem maravilhas; mas no casamento de Branca de Neve com o príncipe Codadad, o maravilhoso sítio é assaltado pelos monstros da Fábula - e no tumulto tia Nastácia desaparece...(1939).


13 – O Minotauro

Neste livro desenrolam-se as aventuras de Pedrinho, do Visconde e da Emília na Grécia Heróica, para onde foram em procura de tia Nastácia. Acontecem mil coisas, e afinal descobrem o paradeiro da negra, graças à ajuda do Oráculo de Delfos. Estava presa no Labirinto de Creta, nas unhas do Minotauro! Mas tia Nastácia já havia domesticado o monstro, à força de bolinhos e quitutes; deixara-o tão gordo que os meninos puderam entrar no Labirinto e salvá-la sem que ele, espaçado no trono, pensasse em reagir...(1937).


14 – A chave do tamanho

Talvez o mais original dos livros de Monteiro Lobato. Emília, furiosa com a Segunda Guerra Mundial, resolve acabar com ela. Como? Indo à Casa das Chaves, lá nos confins do mundo, e "virando" a Chave da Guerra. Mas comete um erro e em vez da Chave da Guerra vira a Chave do Tamanho, isto é, a chave que regula o tamanho das criaturas humanas. Em conseqüência, subitamente, todas as criaturas humanas do mundo inteiro "perdem o tamanho", ficam de dois, três centímetros de estatura - e Lobato conta o que se seguiu. Trata-se de um livro rigorosamente lógico, e que transmite às crianças o senso da relatividade de todas as coisas (1942).


15 – Fábulas


Neste livro Monteiro Lobato reescreve as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, mas de modo comentado. A novidade do livro está justamente nestes comentários, em que as fábulas são criticadas com a maior independência - e Emília chega a ponto de "querer linchar" uma delas, cuja lição de moral pareceu-lhe muito cruel. Um livro encantador, em que o gênio dos velhos fabulistas é singularmente realçado pelos diálogos entre os meninos, que a inventiva de Monteiro Lobato vai criando com a maior agudeza e frescura (1922).


16/17 – Os doze trabalhos de Hércules


Pela primeira vez em todas as literaturas, os famosíssimos trabalhos de Hércules - o mais belo romance fantástico da Antigüidade Clássica - são narrados à maneira moderna - e vivificados pela colaboração de Pedrinho, Emília e o Visconde de Sabugosa. Esses três heroisinhos modernos vão para a Grécia, a fim de acompanhar as façanhas de Hércules - e o fazem tomando parte nelas e muitas vezes salvando o grande herói. Das aventuras ressalta a lição moral: o valor e a superioridade da inteligência expontânea, viva como azougue e sempre vitoriosa (1944).



Vida e obra de Monteiro Lobato
1882 – 1948

Nesta cronologia estão registrados fatos relevantes da trajetória de Monteiro Lobato - ao lado de eventos ocorridos no Brasil e no mundo - entre 1882 e 1948. As citações entre aspas, salvo quando indicada outra fonte, referem-se às cartas de Lobato para o amigo Godofredo Rangel, seu correspondente por mais de 40 anos, compiladas em A barca de Gleyre. Para facilitar a consulta, os fatos foram aglutinados por períodos. Na tabela abaixo escolhe a fase da vida de Lobato que quer conhecer.

1882 – 1904:
PRIMEIRAS LETRAS E ESTUDANTE DE DIREITO

1905 – 1910:
DE VOLTA AO VALE DO PARAÍBA

1911 – 1917:
FAZENDEIRO E JORNALISTA

1918 – 1925:
LOBATO EDITOR. NASCE O AUTOR INFANTIL

1925 – 1927:
MUDANÇA PARA O RIO DE JANEIRO

1927 – 1931:
ADIDO COMERCIAL EM NOVA IORQUE

1931 – 1939:
FERRO E PETRÓLEO PARA O BRASIL

1940 – 1945:
SOB A MIRA DA DITADURA

1945 – 1948:
OS ÚLTIMOS TEMPOS


Monteiro Lobato é o protótipo do nacionalista de seu tempo, defensor de um nacionalismo que, em todos os tempos, tem sido indispensável para forjar uma nação.

Como escritor, editor ou empresário ele é um homem preocupado com seu país e um arguto crítico social. É esse seu caráter que vai projetá-lo internacionalmente.

Suas obras, de grande repercussão no País, repercutem também nos países vizinhos. Empresário de visão, ele sabe que o mercado de língua espanhola é grande e esteve sempre tentado lançar coisas nossas, traduzidas. Seu sonho como escritor é lançar um livro nos Estados Unidos, mercado para edições de um milhão de exemplares.

Em 1919, pretendeu, sem êxito, estender a Revista do Brasil a Buenos Aires. Em 1921 inicia colaboração com a revista argentina La Novela Semanal; a editora Pátria, de Buenos Aires, lança com sucesso Urupês, em tradução de Benjamin de Garay. Em 1923, uma coletânea de contos é lançada na Espanha, em 1924 outra coletânea é publicada na Argentina. No ano seguinte, quatro contos vertidos para o inglês são publicados nos Estados Unidos. Nessa época também colabora com as revistas francesas La Revue de L'Amerique Latine e La Revue Nouvelle.

Em 1926, Lobato se entusiasma com as ideias e a ações de Henry Ford e começa a publicar uma série de artigos difundindo essas idéias na imprensa carioca, particularmente em O Jornal. Ele acha que ao contrário dos idealistas utópicos, Ford é o idealista orgânico - "o gênio que em 20 anos tornara-se o homem mais rico de todos os tempos", exemplo que ele quer ver seguido no Brasil. Em seu livro Mr Slang, lançado em 1927, traça um paralelo entre o Brasil e Estados Unidos e reafirma sua crença de que o Brasil pode repetir a façanha do grande desenvolvimento daquele país.

Ainda em 1927, é nomeado por Washington Luís adido comercial interino ao consulado do Brasil em Nova Iorque. Sua permanência nos Estados Unidos confirma o que ele arquitetava para seu país, inspirado no fordismo. Contribui também para modernizar seu pensamento e lhe dá coragem para os passos mais arojados que mais tarde daria como empresário, lançando-se na busca do petróleo e na transformação do minério do ferro.

Monteiro Lobato