sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ACNE

A BIBLIOTECA INICIOU ATIVIDADES APÓS O PERÍODO DE GREVE COM A PALESTRA SOBRE ACNE. AS PALESTRANTES SÃO AS ESTAGIÁRIAS DO CURSO DE BIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ACARAI (UVA). E AS TURMAS ATINGIDAS FORAM AS TURMAS DO 1ºANO E 3ºANO. COM ESTÁ ATIVIDADE, A BIBLIOTECA VEM CONTRIBUIR PARA A CONSCIENTIZAÇÃO DOS NOSSOS JOVENS NO QUE DIZ RESPEITO A HIGIENIZAÇÃO E APARÊNCIA DA PELE DO ROSTO.



NOSSO ALUNO COMO MODELO EM UMA DEMONSTRAÇÃO DE LIMPEZA DE PELE













quinta-feira, 4 de agosto de 2011

FELIZ RETORNO



Aos nossos leitores, avisamos que já estamos disponibilizando os empréstimos para este semestre.
Desejamos a comunidade escolar sucesso e harmonia nesta segunda etapa do ano letivo.
Bom trabalho a todos!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

LEITURA PARA O VESTIBULAR UFPA 2012

OLAVO BILAC
TRABALHO FEMININO



O sábado, em que está sendo escrita esta crônica, arrasta-se aborrecido e pesado, numa enxurrada de lama, sob o açoite frio dos aguaceiros, cheio de uma melancolia que nada pode dissipar. Oh! estes dias de chuva! Deus sabe quanto suicídio tem por causa a sua fúnebre tristeza…
Deixando cair o livro que lia, o cronista levantou-se, abriu a janela, lançou um olhar entediado ao céu e à rua.
Que céu e que rua! Em cima uma planície cinzenta, manchada aqui e ali de nuvens mais escuras, que crescem, estendem-se em cargas-d’água barulhentas e grossas. Embaixo, lama e deserto… Os bondes que passam trazem as cortinas abaixadas, lustrosas de chuva, bambas, ao áspero vento que as sacode. E não se vê ninguém… Quem há que se atreve a afrontar a dureza desta úmida manhã, toda de. choro e enfaro.
Mas não… Lá vem, cosido à parede, um vulto apressa¬do. É uma mulher. Mais perto agora, distinguem-se-lhe as feições, as roupas encharcadas, sob o puído guarda-chuva gotejante. A borrasca envolve-a, agasta-a, enraiva-se sobre ela, com uma crueldade implacável. A velha saia preta, colada às pernas, vem barrada de lama; os sapatos chapi¬nham nas poças da água; e sempre cosida à parede, car¬regando um grande embrulho, tossindo e tremendo de frio, lutando contra a ventania furiosa, lá se vai a pobre — fan¬tasma da pobreza, vítima de uma dura sorte, em busca do pão com que há de alimentar os filhos pequenos, e, quem sabe? talvez também um marido malandro, que fica, no calor da alcova, contando as tábuas do teto e fumando, enquanto a mísera tirita pelas ruas alagadas…
Em geral, nós, que só conhecemos as senhoras da nossa roda, pensamos que todas as mulheres são melindrosos alfenins que qualquer trabalho fadiga. Mas as que conhece¬mos são as flores humanas, cuidadosamente criadas na estufa da civilização; são uns encantadores e estranhos ani¬mais, metade anjos, metade demônios, tão sedutores e amáveis quando abusam da sua influência celestial como quando abusam da sua influência satânica… Essas são as que nasceram para ser servidas e adoradas, como santas em nichos de ouro e prata, cobertas de alfaias e de jóias.
Mas, por uma dessas, quantas mil existem que são a providência doméstica, o amparo [*.**] da família [****] que as formigas, mais infatigáveis do que as abelhas, mourejando da primeira luz do dia às horas cerradas da noite, entisicando sobre a máquina de costura, perdendo as forças sobre a tábua de engomar, tisnando a pele junto das chamas do fogão!
Ninguém pensa nisso… Só, de quando em quando, um cronista melancólico, levado pela própria tristeza a cuidar das tristezas alheias, demora a atenção sobre a dureza da vossa negra sorte — ó mulheres pobres, que sois tão mais fortes do que nós, na moral como no físico!
Ainda não há três dias publicava A Notícia esta local: "Pela primeira vez, foi enviado ao Ministério da Fazen¬da um requerimento de uma senhorita pedindo para ins¬crever-se [***] concurso, a fim de exercer um emprego [***] Fazenda.
"Esse requerimento foi à diretoria do contencioso, a fim de ser informado, e combateu a pretensão, pelo que o sr.ministro da Fazenda resolveu indeferir o mencionado requerimento."
Ora, as leis humanas não podem ter a infalibilidade que a Igreja atribuí às leis divinas. A sociedade não pode sujeitar-se ao império de uma lei absurda, somente porque ela é uma lei.
Sempre que se agita esta questão das reivindicações femininas, escovam-se e [***] os velhos chavões, e, com um grande ar de importância, os filósofos decidem sem apelação que a mulher não pode ser mais do que o anjo do lar, a vestal encarregada de vigiar o fogo sagrado, a depositária das tradições da família… e das chaves da despensa. Todo esse dispêndio de palavras inúteis serve ape¬nas para encobrir a fealdade da única razão séria que podemos apresentar contra as pretensões das mulheres: o nosso egoísmo, o receio que temos de que nos despojem das nossas prerrogativas seculares — o medo de perder as posições, as regalias, as honras que o preconceito bárbaro confiou exclusivamente ao nosso século. Compreende-se: quem se habituou a empunhar o bastão do comando não se resigna facilmente a passá-lo a outras mãos: é mais fácil deixar a vida do que deixar o poder.
Por que não há de a mulher poder exercer "um emprego da Fazenda"? Que há de misterioso e sagrado de recôndito e impenetrável no exercício dessas funções que, não possa ser devassado e apreendido pelo espírito de uma mulher?
Amar o próximo e praticar o bem, praticar a caridade nos hospitais de sangue e nos asilos civis., educar crianças — são tarefas infinitamente mais sérias do que alinhar algarismos em livros, calcular taxas de cambio, aplicai tarifas e computar perdas e ganhos. É pois preciso ter o cérebro de um Dante, de um Comte, de um Bacon, para poder trazer e>m dia o livro do protocolo de uma repartição pública ou para saber somar quatro colunas de algarismos?
Entretanto, que bela experiência a tentar! O espírito da mulher tem sobre o nosso uma incontestável superioridade: não é feito, como o nosso, de imaginação, de poder criador, de invenção; é feito de bom senso, de prudência de tenacidade, de paciência. Já alguém escreveu que "a mulher que dedicasse à execução de um plano financeiro a inteligência minuciosa e clara que costuma dedicar à execução de um complicado plano de toalete, desbancaria talvez os melhores economistas do mundo".
Em bom senso, não as vencemos, como não as vencemos em economia.
Se todos quisessem ser sinceros, ou antes se não quisessem enganar a si mesmos, quantos homens confessariam que os melhores atos de toda a sua existência foram inspi¬rados no recesso do lar, entre dois carinhos — nessas horas de intimidade em que as mulheres sabem influir sobre o nosso espírito sem mostrar o que estão fazendo, e cm que nós, inconscientemente, sem humilhações para o nosso desmarcado orgulho, vamos pouco a pouco adotando as suas idéias e abandonando as nossas, de maneira que, daí a pouco, exclusivamente parece nosso aquilo que é exclusiva¬mente delas!
Em economia, então — que abismo entre elas e nós!
Não se trata, está claro, destas lindas e adoráveis senho¬ras do grande clã, deusas deliciosas, cujas mãos perfumadas foram feitas apenas para dissipar o dinheiro…
Mas, nas casas pobres, que maravilhas de zelo, de poupança, de milagroso comedimento nas despesas! Não têm conta as donas de casa que reproduzem diariamente o milagre da multiplicação dos pães!
Quando rompe a manhã, já a abelha humana anda há uma hora zumbindo e trabalhando. Não há recanto da casa que escape à vigilância do seu olhar, não há providência que seja esquecida pela sua inteligência sempre alerta. Oh! o doce milagre! com um punhado miserável de dinheiro, é preciso alimentar os filhos, é preciso vesti-los, é preciso educá-los, é preciso consolar o marido e cercá-lo de con¬forto quando ele é infeliz, é preciso viver com decência… O trabalho não se faz sem lágrimas… A tarefa é rude, os pulmões se enfraquecem, calejam-se as mãos, vai-se a beleza, perdem-se as graças — mas a casa prospera… E. quando à noite, derreada e quase morta de cansaço, a heroína vai sentar-se junto à máquina Singer para dar conta do serão, uma doce auréola paira sobre a sua pálida cabeça de mártir do dever.
Ah! que orgulho o nosso! e não há homem que reco¬nheça esse sacrifício! e não há homem que deixe de atribuir à sua própria competência enfatuada a prosperidade e con¬forto que brotaram no seu lar, quando, quase sempre, esses doces frutos são devidos às lágrimas e às gotas de suor com que as mártires regaram o solo…
É singular! nega-se a quem é capaz de fazer tudo isso o direito de aspirar a um lugar de amanuense de secretaria! Mas, por todos os santos do Paraíso! se há uma lei que determina isso, revogue-se quanto antes essa lei absurda!
Abram-se às mulheres todas as portas! Porque, enfim, nós, os homens, já temos contribuído tanto para plantar na Terra o domínio da tolice e da injustiça — que não era mau saber se o outro sexo não é capaz de ter mais juízo do que o nosso!…
s. a.
Gazeta de Notícias 18/8/1901

VESTIBULAR

segunda-feira, 20 de junho de 2011

VESTIBULANDO

O REI DA VELA - OSWALDO DE ANDRADE





O Rei da Vela constitui-se no texto teatral mais importante de Oswald de Andrade, publicado em 1937, representado em 3 atos.
A encenação desta peça marcou época na história do teatro brasileiro. Os protagonistas Abelardo I e Heloísa, ambos de tradição medieval. Abelardo I é um representante da burguesia ascendente da época que alia seu oportunismo à crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque, de 1929. Isso permite-lhe todo tipo de especulação: ''com o café, com a indústria etc. A caracterização de Abelardo I como o "Rei da Vela" é extremamente irônica, pois ele fabrica e vende velas.
Abelardo I torna-se, então, o símbolo da exploração às custas da pobreza e das superstições populares. Como personagem, ele denuncia a invasão do capital estrangeiro; daí a irônica consideração sobre "a chave milagrosa da fortuna". Seus devedores se apresentam, na peça, dentro de uma jaula. Acontece uma cena em que são examinadas as contas dos clientes, dando idéia do funcionamento do escritório após uma cena que entra Heloísa de Lesbos, noiva de Abelardo I e como o próprio nome indica, tem tendências homossexuais.
Abelardo e Heloísa, nomes escolhidos por Oswald de Andrade, são dois famosos amantes da Idade Média, daí um tom de ironia na peça teatral.
Heloísa representa a ruína da classe fazendeira. Seu pai, coronel latifundiário, vai à falência, num plano em que predomina a perversão e o vício, símbolos de uma classe social em decadência.
Abelardo I e Heloísa casam-se. Heloísa casa-se por interesse e Abelardo I sabia disso, mas não se sente atraiçoado porque também vê vantagens nessa união. A aliança de Abelardo e Heloísa pode assim, representar a fusão de duas classes sociais corrompidas pelo sistema capitalista.
Surge na cena um intelectual chamado Pinote, que o autor utiliza para demonstrar a relação dos intelectuais e dos artistas com o poder. Na realidade, ou o artista deveria comprometer-se com o social ou, como o personagem Pinote, aceitar em servir aos burgueses.
Uma outra personagem vem a completar o quadro social do Brasil da época, o Mr. Jones, que simboliza o capital americano. A presença de Mr. Jones revela um país comprometido economicamente.
Logo no início do segundo ato, que agora passa-se numa ilha tropical na Baia de Guanabara, surge Heloísa e Mr. Jones em franca camaradagem amorosa. É apresentada a mãe de Heloísa, D. Cesarina que mostra-se bastante acessível às investidas amorosas de seu futuro genro, o Abelardo I; seu irmão homossexual, Totó Fruta-do-Conde, acaba roubando o amante da outra irmã, a Joana; restava ainda o Perdigoto, o outro irmão da moça, bêbado, jogador e fascista que planejava organizar uma "milícia patriótica, para combater os colonos que estavam ficando incontroláveis", idéia que muito interessou a Abelardo I.
O americano, Mr. Jones, interessa-se pelo chofer e D. Poloca uma velha de 60 anos aristocrata e virgem fica tentada a entregar-se a Abelardo I.
No último ato, Abelardo I é roubado por Abelardo II, seu antigo empregado. Abelardo I perde tudo o que tinha e decide suicidar-se. Antes de morrer lembra a Heloísa que ela deverá casar-se com o Abelardo II, o ladrão. Antes de morrer Abelardo I pede uma vela. Recebe uma vela das mais baratas e, agora pobre, o Rei da Vela é enterrado numa vala comum. A peça termina ao som da marcha nupcial do casamento de Abelardo II e Heloísa, simbolizando a idéia de que morre o homem e o sistema permanece. O casamento de Heloísa com Abelardo II garante que a burguesia está condenada e que os proletários tomarão o poder. A aristocracia rural e a burguesia nacional continuarão submetidas ao americano – o capital estrangeiro.
Após a morte de Abelardo I o entra em cena e fala: "Oh! Good business!"

Fonte: http://pt.shvoong.com/entertainment/plays/1658588-rei-da-vela/#ixzz1PpyJ4fsm

quinta-feira, 9 de junho de 2011

MENSAGEM DO MÊS DE JUNHO

Uma Questão de Escolha
Padre Fábio de Melo
O coração anda no compasso que pode. Amores não sabem esperar o dia amanhecer. O exemplo é simples. O filho que chora tem a certeza de que a mãe velará seu sono. A vida é pequena, mas tão grande nestes espaços que aos cuidados pertencem. Joelhos esfolados são representações das dores do mundo. A mãe sabe disso. O filho, não. Aprenderá mais tarde, quando pela força do tempo que nos leva, ele precisará cuidar dos joelhos dos seus pequenos. O ciclo da história nos direciona para que não nos percamos das funções. São as regras da vida. E o melhor é obedecê-las. Tenho pensado muito no valor dos pequenos gestos e suas repercussões. Não há mágica que possa nos salvar do absurdo. O jeito é descobrir esta migalha de vida que sob as realidades insiste em permanecer. São exercícios simples... Retire a poeira de um móvel e o mundo ficará mais limpo por causa de você. É sensato pensar assim. Destrua o poder de uma calúnia, vedando a boca que tem ânsia de dizer o que a cabeça ainda não sabe, e alguém deixará de sofrer por causa de seu silêncio. Nestas estradas de tantos rostos desconhecidos é sempre bom que deixemos um espaço reservado para a calma. Preconceitos são filhos de nossos olhares apressados. O melhor é ir devagar. Que cada um cuide do que vê. Que cada um cuide do que diz. A razão é simples: o Reino de Deus pode começar ou terminar, na palavra que que escolhemos dizer. É simples...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

AGRESSÓES DO HOMEM, REAÇÕES DA NATUREZA

Nos dias 17, 18 E 19, a Biblioteca "Ana Oliveira", na coordenação da Professora Marly Augusto Moreira, desenvolveu juntamente com as professoras Luzia Reis (Geografia), Francyléia (Língua Portuguesa), Luciana (Sociologia), Semiramis Libonate (História) e Fátima Espineli(Sala de Informática)uma ação pela vida, tendo como centro o tema da Campanha da Fraternidade 2011 - FRATERNIDADE E A VIDA NO PLANETA. A tonica da palestra proferida pela professora Marly foi sobre Ecologia Humana e as turma envolvidas foram 1º ano C, 1º ano D e o 3º ano, do turno da tarde.
Mesmo com o ar condicionado quebrado, os alunos começaram a atividade com alguns minutos de relaxamento escutando o CD "Maravilhoso Mundo da Natureza", logo após fizemos alguns registro das emoções e a palestra. Os alunos também assistiram aos vídeos sobre a CF 2011 e do músico Wilson Melo com a música "Falta Pouco pra Acabar". A professora de Sociologia, Luciana, troxe o vídeo sobre a devastação da natureza, com a música de Luiz Gonzaga "Xote Ecológico". E a professora Francyléa está trabalhando com os alunos na sala de informática desenvolvendo ações sobre a linguagem verbal e não verbal dentro do tema da Ecologia Humana.
As estagiárias do curso de Biologia da Universidade Federal do Pará e da UVA contribuíram com a palestra sobre "A violência do Patrimônio Público".
Agora, os alunos farão trabalhos relacionados com os temas e realizarão no dia 06 de junho uma exposição em comemoração ao Dia do Meio Ambiente.
Confira as fotos:

Professora Marly proferindo palestra sobre Ecologia Humana


Professora Luciana e a música de Luiz Gonzaga


Professora Luciana e a turma do convênio.


1º Ano D compartilhando o texto

1º C

3º Ano

Alunas estagiárias do curso de Biologia

Alunos do 1º C e profª Luzia Reis


Alunos do 1º D


Convênio










domingo, 15 de maio de 2011

DEVEMOS REFLETIR SOBRE A DESCONSTRUÇÃO DA VIOLÊNCIA

Homilia de Dom Erwin Kräutler na Missa da 49ª da AG da CNBB

prelaziadoxingu.com.br

Irmãs e irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo,
Caríssimos irmãos Bispos do Brasil e participantes da Assembleia Geral da CNBB,
O Evangelho de São João não fala em "milagres". Fala em "sinais" e são sete que apresenta 1. A finalidade principal dos sinais é despertar e corroborar a fé em Jesus, o Filho de Deus. Como os sinais, também a Fé é "obra de Deus" (Jo 6,29)! Ela não é imposta, mas requer a decisão pessoal de comprometer-se com Jesus, o Cristo. Há diversas reações ao convite, à "obra de Deus". Em Caná da Galiléia Jesus "manifestou sua glória e os seus discípulos creram nele" (Jo 2,11). Mais tarde, quando multiplica os pães e caminha sobre o mar a resposta já não é tão cristalina e direta como em Caná ou na cura do filho do funcionário real que "creu, ele e todos da sua casa" (Jo 4,53).

Jesus sacia milhares de pessoas (Jo 6,1-15). Na sinagoga de Cafarnaum, explica mais tarde este sinal. Insiste que os discípulos se esforcem "não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna" (v. 27). Não se trata de "espiritualizar" as necessidades elementares da pessoa humana. Como ninguém sobrevive por muito tempo sem comer, assim os discípulos precisam alimentar-se do "Pão da Vida" (v. 48). A afirmação "quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna" (v. 54) gera espanto na sinagoga. São palavras intoleráveis para os ouvidos dos judeus. E a reação não tarda. "Muitos dos seus discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele" (v. 66). Jesus percebe a crise dos Doze e - em tom provocador - exige uma clara tomada de posição, pois crer significa "aceitar" não só a Palavra, mas também o Corpo entregue e o Sangue derramado do Senhor: "Vós também quereis ir embora?" (v. 67). E Simão Pedro faz sua profissão solene de fé: "Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras e vida eterna e nós cremos e reconhecemos que és o Santo de Deus" (vv. 68-69).

Jesus se refugia para a montanha, porque a multidão, uma vez saciada, quer "proclamá-lo rei" (V. 15). Já é noite. Os discípulos estão no barco e remam penosamente contra a corrente. Aí, Jesus vem ao seu encontro, andando por sobre a água. "Ficaram com medo!" diz o Evangelho. Sim, com medo! O medo, quando invade o coração, gera angústia, abala o nosso ser até os alicerces, faz-nos gritar por socorro. Exatamente nesta situação-limite os discípulos escutam a voz de Jesus que os tranquiliza: "Sou eu. Não tenhais medo!" (v. 20). Crer na presença de Jesus expulsa o medo. Fé e medo são incompatíveis. A fé dá coragem, o medo paralisa. Deus é "Imma nu 'El" - "Deus conosco" (Mt 21,23; Is 7,14). Crer é viver na proximidade de Deus, desfrutar da intimidade com Deus, ter uma experiência viva de Deus. Crer é "andar com Deus" (Gn 5,22.24; Gn 6,9). A Josué, sucessor de Moisés, Deus promete: "Não tenhas medo, não te apavores, pois o Senhor, teu Deus, estará contigo por onde quer que andes" (Js 1,9). Noite escura, águas revoltas, ventos impetuosos, tempestade de raios, ondas violentas, pânico a bordo, o barco ameaçando naufragar! Em meio a todo esse pandemônio escutamos a voz do Senhor "Sou eu. Não tenhais medo!" Cessa a fúria do vento, o mar bravio se acalma. O Senhor dissipa a escuridão da noite. A aurora desponta. "Sou eu. Não tenhais medo!" É Páscoa: a Vida venceu a morte! A graça é mais forte do que o pecado. O Amor e a Paz triunfam sobre o ódio e a guerra, exterminam a violência e as injustiças.

Mas, será que é mesmo Páscoa? Rompeu realmente a aurora do dia da Vitória, da Libertação da casa da escravidão? Será que a Páscoa que celebramos não é apenas uma utopia que acalentamos, um sonho que sonhamos? As cruzes não continuam erguidas pelo mundo afora? Não estão presentes em cada esquina, ao longo das estradas, à beira de cada rio, lago ou igarapé de nosso Brasil? Não estão pregados nelas homens e mulheres, considerados "supérfluos", "descartáveis" (cf. DAp 65) porque não se enquadram num sistema que faz do lucro a sua única mola mestra? Não continuam pregados na cruz os indígenas: violentados e assassinados, expulsos ou fraudados de suas terras ancestrais, reduzidos a párias da sociedade, enxotados como animais, tratados como vagabundos de beira de estrada, ou então confinados em verdadeiros currais humanos, sem mínimas condições de sobrevivência física e muito menos cultural? Não estão pregadas nestas cruzes as vítimas do tráfico humano que se alastra pela Amazônia, as meninas e os meninos aliciados e iludidos por redes nacionais e internacionais de prostituição que operam em nosso querido Estado do Pará e outros Estados do norte e nordeste? Não estão condenadas a morrer na cruz milhares de famílias arrancadas de de seus lares, sítios e roças por projetos desenvolvimentistas que ludibriam o povo com as falsas promessas de um plano que acelera a destruição da Amazônia e faz crescer os bolsões da miséria? Que Páscoa podemos celebrar quando ouvimos dia e noite os gritos desesperados de famílias que pranteiam um irmão, uma irmã, o pai, o esposo, o filho assassinados e nada acontece com os criminosos e pistoleiros de aluguel? Que Páscoa celebramos quando vemos o nosso planeta cada vez mais ameaçado de destruição por esta geração perversa que compromete seriamente a vida de seus filhos e netos?

Irmãs e irmãos! A Páscoa ainda não é a festa de nossa chegada ao Reino Definitivo na glória. A Páscoa é a celebração da "passagem". Passagem não é ponto de chegada, é Caminho. E caminhando recordamos que Jesus anda na nossa frente. Ele é o Caminho. Por isso nunca perdemos a esperança de um mundo diferente, justo e fraterno, do Bem Viver. Ao ressuscitar Jesus, Deus deu o seu Sim irrevogável à Vida. Celebrar a Páscoa significa estar pronto para "trabalhar nas obras de Deus" (v. 28). E "a obra de Deus é que creiais naquele que ele enviou" (v. 29). Crer naquele que o Pai enviou, é comprometer-se com a Vida, é anunciar a Vida onde outros semeiam a morte. Crer é defender a Justiça e o Amor de Deus onde violência e ódio ferem a dignidade e os direitos humanos. Crer é admirar com gratidão o Lar2 que Deus criou para todos nós, cuidar dele e zelar com carinho por ele em vista das gerações que vêm depois de nós.

"Trabalhar nas obras de Deus" não pode ser um empenho superficial. Pressupõe antes uma profunda e entranhada mística, alicerçada no amor radical de Jesus "até o fim"3 (Jo 13,1). É deixar-se traspassar pelo "amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, Senhor nosso" (Ro 8,39), é contemplar o seu Sangue derramado, "que é o amor incorruptível"4 e seu Corpo entregue, alimento que nos sustenta e nos dá coragem enquanto peregrinamos neste mundo. Amém.

Aparecida, 9 de maio de 2011
Erwin Kräutler, Bispo do Xingu

DESCONSTRUÇÃO DA VIOLÊNCIA

QUANDO A DENÚNCIA VIRA VIOLÊNCIA
Dom José Luiz Ascona contra a prostituição infantil no Marajó
Diário do Pará
09-Feb-2009
Seis horas de uma quinta-feira chuvosa no município de Soure, no Marajó. Na principal igreja do município, o bispo Dom Luiz Azcona mantém os olhos fixos numa imagem de Jesus Cristo que fica atrás do altar da igreja. Atrás dele, espalhados nos bancos da capela, estão menos de dez fiéis. Dom Azcona abre uma Bíblia e lê em silêncio durante vários minutos. Depois levanta e vai se preparar para mais uma celebração. Às 6h30, início da cerimônia, já são quase 30 fiéis. Até o final da missa, passarão de 50. É uma celebração normal, a não ser quando chega o momento do sermão de Dom Azcona. Aproveitando que o dia em questão era o dia de Santa Agda, que teria morrido virgem em nome da fé, Dom Luiz Azcona inicia uma pregação virulenta contra a exploração sexual de menores no Marajó.

“As nossas meninas e meninos estão sendo criados como animais de estimação que podem ser comprados e vendidos. Essa é uma realidade totalmente contrária ao que nos ensina Jesus. Quando uma sociedade como a do Pará não tem forças para defender suas crianças e adolescentes, então essa é uma sociedade que não merece viver. Merece morrer, porque não tem mais futuro. Quando uma sociedade fica de braços cruzados na compra e venda de seres humanos, o posicionamento desse grupo faz com que ele deixe de ser humano e se torne menos que animais”.

Ao longo da pregação, Dom Azcona se refere pelo menos três vezes à CPI da Pedofilia que está em andamento em Belém. CPI instalada após uma série de denúncias do bispo sobre essa prática nas comunidades ribeirinhas do Marajó e que vem ganhando, aos poucos, contornos que mostram o envolvimento de pessoas influentes e poderosas no Estado. Segundo o deputado Arnaldo Jordy, relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, mais de mil denúncias já foram feitas. Mesmo que parte delas possa não ser verdadeira, ainda assim é um número expressivo.

Por conta das denúncias, Dom Azcona foi ameaçado de morte. Mudou pouco sua rotina pessoal. Embora não abra mais a igreja todos os dias às 5h, como fazia antes, não deixa de rezar diariamente a missa e nem de atender aos que lhe procuram logo depois da celebração. São pedidos de ajuda espiritual e financeira. Gente que pede apoio e dinheiro.

O bispo também não se furta de ir sempre que pode aos nove municípios do Marajó cujas paróquias estão sob sua responsabilidade. “Depois de meu depoimento à CPI não recebi mais ameaças, mas elas começaram em 2007, quando começamos a trabalhar na detecção da presença do tráfico humano do Marajó para as Guianas. O primeiro alerta me foi dado por um membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, em Brasília. Segundo ele, eu havia passado a fazer parte de uma lista de marcados para morrer”, diz o bispo. Logo depois, Dom Azcona teve a confirmação de que integrava mesmo uma lista de marcados para morrer, junto a mais 15 pessoas. E no dia 9 de dezembro de 2007 a mesma pessoa que lhe alertara sobre as ameaças morreu num misterioso acidente de carro. “Foi esmagado por um caminhão. Disseram que foi um acidente, mas eu tenho certeza de que ele foi assassinado”, acredita.

Se não mudou os hábitos, a possibilidade de ser mais uma vítima mudou sua filosofia de vida. “Não há um dia sequer em que não penso na morte. Esse é um pensamento que se tornou constante. Ao pegar o barco para Breves penso que seria um local fácil para me matarem. Quando estou no interior crismando, dentro daquelas matas e nos rios pequenos, imagino que uma voadeira seria fácil de me alcançar e me eliminar. Penso na morte, mas não estou ansioso ou com medo. É um pensamento que até me enche de satisfação, porque se morrer será pelo Evangelho e isso é uma graça divina”.

Esse é um dos motivos para que recuse proteção pessoal. Dom Azcona não acredita que ela seja realmente eficaz. E também não quer ter sempre uma sombra perto de si. No ano passado foi a Aparecida do Norte para um encontro e sem que soubesse puseram dois homens para cuidar da segurança dele. Estranhou.

Dom Azcona também não consegue se imaginar na pele de Dom Erwin Krautler, bispo do Xingu, que tem sempre um segurança por perto. “O que peço sempre é que Deus não me acovarde, que não me faça voltar atrás. Mas peço também que ele não me faça sentir um super-homem, um herói, mas sim me faça sentir como um cristão que está defendendo a palavra divina”.


Abra o olho: sua filha pode estar no esquema

Há poucas semanas, um homem morreu num acidente de moto em Soure. Seria apenas um acidente fatal, mas por trás dele revela-se um pouco da situação de exploração sexual de adolescentes no município. O homem, casado, estava levando uma garota de 14 anos para a praia do Pesqueiro, para consumar o programa fechado minutos antes. É uma prática comum em Soure e em outros municípios do Marajó, embora às vezes não seja tão explícita assim. À noite, nas ruas pouco movimentadas e escuras de Soure, há um crescente comércio de sexo com menores.

“Elas são agenciadas por um grupo de homossexuais que ficam em duas esquinas das ruas principais daqui de Soure”, diz uma comerciante que separou do marido depois de ter descoberto que ele continuamente fazia uso dos serviços sexuais de garotas de programa de Soure.

O bispo Dom Azcona diz que alguns meses atrás um rapaz foi flagrado em Soure com fotos de menores que seriam prostituídas para turistas estrangeiros. “Também não é incomum que barquinhos levem meninas para hotéis e pousadas para satisfazer aos estrangeiros hospedados”, diz Dom Azcona. Em Salvaterra, há boates e dancings que aceitam a entrada de adolescentes e os programas são agendados e feitos por lá mesmo. Mas também há locais mais escondidos e freqüentados por poucos onde a prostituição é comum. “Gente poderosa está por trás disso”, acusa o bispo.

O HOMEM E O MEIO AMBIENTE

sexta-feira, 6 de maio de 2011

BOM DOMINGO DAS MÃES

As pessoas mais ricas do universo repartem seu tempo e vida, partilhando solidariedade, favores, paz e alegria de viver. O egoísmo, ao contrário, empobrece e apequena qualquer coração humano. A felicidade começa onde terminam os pequenos interesses pessoais.
Padre Roque Schneider, SJ

quinta-feira, 5 de maio de 2011

LEITURA PARA O VESTIBULAR UFPA 2012



PRANTO DE MARIA PARDA (Completo)
e numa coluna à direita o espaço para uma recri/e/ação na medida em que surgir a inspiração ou a oportunidade e/ou o desafio para outros tentarem...
(in OBRAS de GIL VICENTE com revisão e notas de Mendes dos Remédios, Tomo I de III, França Amado Editor, Coimbra, 1907, pp. 384-393).
por que vio as ruas de Lisboa com tão poucos ramos nas tavernas e o vinho tão caro, e ella não podia viver sem elle.

(Quase não terá nada a ver com o Auto da Visitação, ou com o Natal, ao não ser quando se refere "Na manhã que Deus nasceu / À hora do nascimento" quando se refere à Rua da Ferraria, mas decidi incluí-lo nesta série pelo aspecto coloquial que, embora nos faltem muitos dados da época, se refere, com certeza, a locais ruas e "tascos" de todos conhecidos, além da referência a uma quantidade de localidades de diversos pontos do país, mais conhecidos pela sua maior ou menor "devoção" à bebida... A coluna da direita fic como desafio a um levantamento de expressões populares (actualizadas?) e a um possível levantamento das "novas" tascas e regiões vinícolas... com possível referência à variedade de mixórdias inventadas desde a famosa e imbatível CocaCola!!! Enfim, uma revista à Portuguesa - "uma Comédia Humana de cenário português" como dizia o Mestre Vitotino Nemésio...
Texto citado da Obra de Gil Vicente Tentativa de "tradução" - adaptação...
Eu so quero prantear
Este mal que a muitos toca;
Que estou já como minhoca
Que puzerão a seccar.
Triste desaventurada
Que tão alta está a canada
Pera mi como as estrellas;
Oh coitadas das guelas!
Oh guelas da coitadas)
Triste desdentada escura,
Quem me trouxe a taes mazelas!
Oh gengivas e arnellas,
Deitae babas de seccura;
Carpi-vos, beiços coitados,
Que já lá vão meus toucados,
E a cinta e a fraldilha ;
Hontem bebi a mantilha,
Que me custou dous cruzados.
Oh Rua de San Gião,
Assi ‘stás da sorte mesma
Como altares de quaresma
E as malvas no verão.
Quem levou teus trinta ramos
E o meu mana bebamos,
Isto a cada bocadinho?
Ó vinho mano, meu vinho,
Que ma ora te gastamos.
O’ travéssa zanguizarra
De Mata-porcos escura,
Como estás de ma ventura,
Sem ramos de barra a barra.
Porque tens já tantos dias
As tuas pipas vazias,
Os toneis postos em pé?
Ou te tornaste Guiné
Ou o barco das enguias.
Triste quem não cega em ver
Nas carnicerias velhas
Muitas sardinhas nas grelhas ;
Mas o demo já de beber.
E agora que estão erguidas
As coitadas doloridas
Das pipas limpas da borra;
Achegou-lhe a paz com porra
De crecerem as medidas.
O’ Rua da Ferraria,
Onde as portas erão mayas,
Como estás cheia de guaias,
Com tanta louça vazia!
Já m’a mim accoteo
Na manhan-que Deos naceo,
A’ hora do nacimento,
Beber alli hum de cento,
Que nunca mais pareceo.
Rua de Cata-que-farás,
Que farei e que farás!
Quando vos vi taes, chorei,
E tornei-me por detras.
Que foi do vosso bom vinho,
E tanto ramo de pinho,
Laranja, papel e cana,
Onde bebemos Joanna
E eu cento e hum cinguinho.
O’ tavernas da Ribeira,
Não vos verá a vós ninguem
Mosquitos, o verão que vem,
Porque sereis areeira.
Triste que sera de mi!
Que ma ora vos eu vi!
Que ma ora me vós Vistes!
Que ma ora me paristes,
Mãe da filha do ruim!
Quem vio nunca toda Alfama
Com quatro ramos cagados,
Os tornos todos quebrados!
O’ bicos de minha mama!
Bem alli ó Sancto Esprito
Ia eu sempre dar no fito
N'hum vinho claro rosete.
Oh meu bem doce palhete,
Quem pudera dar hum grito!
O' triste Rua dos Fornos,
Que foi da vossa verdura!
Agora rua d'amargura
Vos fez a paixão dos tornos.
Quando eu, rua, per vós vou,
Todolos traques que dou
São suspiros de saudade;
Pera vós ventosidade
Naci toda como estou.
Fui-me ó Poço do chão,
Fui-me á praça dos canos;
Carpi-vos, manas e manos,
Que a dezaseis o dão.
O' velhas amarguradas,
Que antre três sete canadas
Sohiamos de beber,
Agora, tristes! remoer
Sete raivas apertadas.
Ó rua da Mouraria,
Quem vos fez matar a sêde
Pela lei de Mafamede
Com a triste d'agua fria?
O' bebedores irmãos,
Que nos presta ser christãos,
Pois nos Deus tirou o vinho?
O' anno triste cainho,
Porque nos fazes pagãos?
Os braços trago cansados
De carpir estas queixadas,
As orelhas engelhadas
De me ouvir tantos brados.
Quero-m'ir ás taverneiras,
Taverneiros, medideiras
Que me dem hua canada,
Sôbre meu rosto fiada,
A pagar lá polas eiras.
Pede fiado á Biscaïnha.
0’ Senhora , Biscaïnha,
Fiae-me canada e meia,
Ou me dae hua candeia,
Que se vai esta alma minha.
Acudi-me dolorida,
Que trago a madre cahida,
E çarra-se-me o gorgomilo:
Emquanto posso engoli-lo,
Soocorei-me minha vida.
Biscaïnha.
Não dou eu vinho fiado,
Ide vós embora, amiga.
Quereis ora que vos diga?
Não tendes isso aviado.
Dizem lá que não he tempo
De pousar o cu ao vento.
Sangrade-vos, Maria Parda;
Agora tem vez a Guarda
E a raia no avento.
A João Cavalleiro, Castilhano.
Devoto João Cavalleiro,
Que pareceis Isaïas,
Dae-me de beber tres dias,
E far-vos-hei meu herdeiro.
Não tenho filhas nem filhos,
Senão canadas e quartilhos;
Tenho enxoval de guarda,
Se herdardes Maria Parda,
Sereis fóra d'empecilhos.
João Cavalleiro.
Amiga, dicen por villa
Un ejemplo de Pelayo,
Que una cosa piensa el bayo
Y otra quien lo ensilla.
Pagad, si quereis beber;
Porque debeis de saber
Que quien su yegua mal pea,
Aunque nunca mas la vea,
Él se la quiso perder.
Vai-se a Branca Leda.
Branca mana, que fazedes?
Meu amor, Deos vos ajude ;
Que estou no ataude,
Se me vós não accorredes.
Fiade-me ora tres meias,
Que ando por casas alheias
Com esta sêde tão viva,
Que ja não acho cativa
Gota de sangue nas veias.
Branca Leda
0lhade, mulher de bem,
Dizem qu'em tempo de figos
Não ha hi nenhuns amigos,
Nem os busque então ninguém,
E diz o exemplo dioso,
Que bem passa de guloso
O que come o que não tem.
Muita agua ha em Boratem
E no poço do tinhoso.
Vai-se a João do Lumiar.
Senhor João do Lumiar,
Lume da minha cegueira,
Esta era a verde pereira
Em que vos eu via estar.
Fiae-me hum gentar de vinho,
E pagar-vos-hei em linho,
Que ja minha lan não presta:
Tenho mandada hua besta
Por elle a antre Douro e Minho.
João do Lumiar.
Exemplo de mulher honrada,
Que nos ninhos d'ora a hum anno
Não ha passaros oganno.
I-vos, que sois aviada.
Emquanto isto assi dura,
Matae coan agua a seccura,
Ou ide a outremm enganar,
Que eu não me hei-de fiar
De mula com matadura.
Indo para casa de Martim Alho, vai dizendo:
Amara aqui hei d'estalar
Nesta manta emburilhada:
Oh Maria Parda coitada,
Que não tens ja que mijar!
Eu não sei que mal foi este,
Peor sem vezes que a peste,
Que quando era o trão e o tramo,
Andava eu de ramo em ramo
Não quero deste, mas deste.
Diz a Martim Alho.
Martim Alho, amigo meu,
Martim Alho meu amigo,
Tão secco trago o embigo
Como nariz de Judeu.
De sêde não sei que faça;
Ou fiado ou de graça,
Mano, soccorrede-me ora,
Que trago ja os olhos fóra
Como rala da negaça.
Martim Alho.
Diz hum verso acostumado:
Quem quer fogo busque a lenha;
E mais seu dono d'acenha
Appella de dar fiado.
Vós quereis, dona, folgar,
E mandais-ane a mim fiar?
Pois diz outro exemplo antigo,
Quem quizer comer comigo
Traga em que se assentar.
Vai-se á Falula.
Amor meu, mana Falula,
Minha gloria e meu deleite,
Emprestae-mne do azeite,
Que se me sécca a matula.
Até que haja dinheiro,
Fiae, que pouco requeiro,
Duas canadas bem puras,
Por não ficar ás escuras.
Que se m'arde o candieiro.
Falula.
Diz Nabucodonosor
No sideraque e miseraque
Aquelle que dá gran traque
Atravesse-o no salvanor.
E diz mais, quem muito pede,
Mana minha, muito fede.
Sete mil custou a pipa;
Se quereis fartar a tripa,
Pagae, que a vinte se mede.
Maria Parda.
Raivou tanto sideraque
E tanta zarzagania.
Vou-me a morrer de sequia
Em cima d'hum almadraque.
E ante de meu finamento,
Ordeno meu testamento
Desta maneira seguinte,
Na triste era de vinte
E dous desde o nacimento.

Testamento.

A minha alma encommendo
A Noé e a outrem não,
E meu corpo enterrarão
Onde estão sempre bebendo.
Leixo por minha herdeira
E tambem testamenteira,
Lianor Mendes d'Arruda,
Que vendeo como sesuda,
Por beber, at'á peneira.
Item mais mando levar
Por tochas cepas de vinha,
E hUa borracha minha
Com que me hajão d'encensar,
Porque teve malvasia.
Encensem-me assi vazia,
Pois tambem eu assi vou;
E a sêde que me matou,
Venha pola cleresia.
Levar-me-hão em hum andor
De dia, ás horas certas
Que estão as portas abertas
Das tavernas per hu for.
E irei, pois mais não pude,
N'hum quarto por ataude,
Que não tivesse agua pé
O sovenite a Noé
Cantem sempre a meude.
Diante irão mui sem pejo
Trinta e seis odres vazios,
Que despejei nestes frios,
Sem nunca matar desejo.
Não digão missas rezadas,
Todas sejão bem cantadas
Em Framengo e Allemão,
Porque estes me levarão
Ás vnhas mais carregadas.
Item dirão per dó meu
Quatro ou cinco ou dez trintairos,
Cantados per taes vigairos,
Que não bebão menos qu'eu.
Sejão destes tres d'Almada,
E cinco daqui da Sé,
Que são filhos de Noé,
A que som encommendada.
Venha todo o sacerdote
A este meu enterramento,
Que tiver tão bom alento,
Como eu tive ca de cote.
Os de Abrantes e Punhete,
D'Arruda e d'Alcouchete,
D'Alhos-Vedros e Barreiro,
Me venhão ca sem dinheiro
Atá cento e vinte e sete.
Item mando vestir logo
O frade allemão vermelho
Daquelle meu manto velho
Que tem buracos de fogo.
Item mais, mais mando dar
A quem se bem embebedar ,
No dia em que eu morrer,
Quanto movel hi houver
E quanta raiz se achar.
Item mando agasalhar,
Das orphans estas nó mans
As que por beber dos paes
Ficão proves por casar.
Ás quaes darão por maridos
Barqueiros bem recozidos
Em vinhos de mui bôs cheiros;
Ou busquem taes escudeiros,
Que bebão coma perdidos.
Item mais me cumprirão
As seguintes romarias,
Com muitas ave-marias,
E não curem de Monção.
Vão por mim a Sancta Orada
D'Atouguia e d'Abrigada,
E a Curageira sancta,
Que me derão na garganta
Saude a peste passada.
Item mais me prometti
Nua á pedra da estrema,
Quando eu tive a postema
No beiço de baixo aqui.
E porque gran gloria senta,
Lancem-me muita agua benta
Nas vinhas de Caparica,
Onde meu desejo fica
E se vai a ferramenta.
Item me levarão mais
Hum gran cirio pascoal
Ao glorioso Seixal,
Senhor dos outros Seixaes;
Sete missas me dirão
E os caliz encherão,
Não me digão missa sêcca;
Porque a dor da enchaqueca
Me fez esta devação.
Item mais mando fazer
Hum espaçoso esprital,
Que quem vier de Madrigal
Tenha onde se acolher.
E do termo d'Alcobaça
Quem vier dem-lhe em que jaça:
E dos termos de Leirea
Dem-lhe pão, vinho e candea,
E cama, tudo de graça.
Os d'Obidos e Santarem,
Se aqui pedirem pousada,
Dem-lhes de tanta pancada
Como de maos vinhos tem.
Homem d'Entre Douro e Minho
Não lhe darão pão nem vinho;
E quem de riba d'Avia for
Fazê-lhe por meu amor
Como se fosse vizinho.
Assi que por me salvar
Fiz este meu testamento,
Com mais siso e entendimento
Que nunca me sei estar.
Chorae todos meu perigo,
Não levo o vinho que digo,
Qu'eu chamava das estrellas,
Agora m'irei par'ellas
Com grande sêde comigo.
Amigos, vamos chorar
E com vigor protestar
contra esta nova cota
de zero - a taxa alcoólica!
Estes novos governantes
não se lembram que já dantes
este vinho que bebemos
fará comer, pelo menos
um milhão de portugueses...!?
Mas a maior desventura
que nos traz mais amargura
é o preço do bom tinto
- e corrijam-me se minto -
nos custa coiro e cabelo...
e barata,
só zurrapa,
dessa que é puro veneno!!!...
E a desgraça mais rara
que custa os olhos da cara
é ver, que em vez das tabernas
onde se bebia bom tinto
prantam em todas as bermas
duma estrada ou avenida
uns bares, umas "boites pimbas"
onde se bebem mistelas
que nos trazem só mazelas...
Na vinte e quatro de Julho
aquilo parece um entrudo...
Aquilo é só chinfrineira...
A bebida é estrangeira...
e com drogas à mistura...
Depois andam à porrada
por dá cá aquela palha...
Vêm os chuis: há pancada!
Todos berram: Ó da Guarda!!!
e fica uma festa armada!!!
"já í stá o balho armado"!!!
... ... ...
Oh Rua de San Gião,
Assi ‘stás da sorte mesma
Como altares de quaresma
E as malvas no verão.
Quem levou teus trinta ramos
E o meu mana bebamos,
Isto a cada bocadinho?
Ó vinho mano, meu vinho,
Que ma ora te gastamos.
O’ travéssa zanguizarra
De Mata-porcos escura,
Como estás de ma ventura,
Sem ramos de barra a barra.
Porque tens já tantos dias
As tuas pipas vazias,
Os toneis postos em pé?
Ou te tornaste Guiné
Ou o barco das enguias.
Triste quem não cega em ver
Nas carnicerias velhas
Muitas sardinhas nas grelhas ;
Mas o demo já de beber.
E agora que estão erguidas
As coitadas doloridas
Das pipas limpas da borra;
Achegou-lhe a paz com porra
De crecerem as medidas.
O’ Rua da Ferraria,
Onde as portas erão mayas,
Como estás cheia de guaias,
Com tanta louça vazia!
Já m’a mim accoteo
Na manhan-que Deos naceo,
A’ hora do nacimento,
Beber alli hum de cento,
Que nunca mais pareceo.
Rua de Cata-que-farás,
Que farei e que farás!
Quando vos vi taes, chorei,
E tornei-me por detras.
Que foi do vosso bom vinho,
E tanto ramo de pinho,
Laranja, papel e cana,
Onde bebemos Joanna
E eu cento e hum cinguinho.
O’ tavernas da Ribeira,
Não vos verá a vós ninguem
Mosquitos, o verão que vem,
Porque sereis areeira.
Triste que sera de mi!
Que ma ora vos eu vi!
Que ma ora me vós Vistes!
Que ma ora me paristes,
Mãe da filha do ruim!
Quem vio nunca toda Alfama
Com quatro ramos cagados,
Os tornos todos quebrados!
O’ bicos de minha mama!
Bem alli ó Sancto Esprito
Ia eu sempre dar no fito
N'hum vinho claro rosete.
Oh meu bem doce palhete,
Quem pudera dar hum grito!
O' triste Rua dos Fornos,
Que foi da vossa verdura!
Agora rua d'amargura
Vos fez a paixão dos tornos.
Quando eu, rua, per vós vou,
Todolos traques que dou
São suspiros de saudade;
Pera vós ventosidade
Naci toda como estou.
Fui-me ó Poço do chão,
Fui-me á praça dos canos;
Carpi-vos, manas e manos,
Que a dezaseis o dão.
O' velhas amarguradas,
Que antre três sete canadas
Sohiamos de beber,
Agora, tristes! remoer
Sete raivas apertadas.
Ó rua da Mouraria,
Quem vos fez matar a sêde
Pela lei de Mafamede
Com a triste d'agua fria?
O' bebedores irmãos,
Que nos presta ser christãos,
Pois nos Deus tirou o vinho?
O' anno triste cainho,
Porque nos fazes pagãos?
Os braços trago cansados
De carpir estas queixadas,
As orelhas engelhadas
De me ouvir tantos brados.
Quero-m'ir ás taverneiras,
Taverneiros, medideiras
Que me dem hua canada,
Sôbre meu rosto fiada,
A pagar lá polas eiras.
Pede fiado á Biscaïnha.
0’ Senhora , Biscaïnha,
Fiae-me canada e meia,
Ou me dae hua candeia,
Que se vai esta alma minha.
Acudi-me dolorida,
Que trago a madre cahida,
E çarra-se-me o gorgomilo:
Emquanto posso engoli-lo,
Soocorei-me minha vida.
Biscaïnha.
Não dou eu vinho fiado,
Ide vós embora, amiga.
Quereis ora que vos diga?
Não tendes isso aviado.
Dizem lá que não he tempo
De pousar o cu ao vento.
Sangrade-vos, Maria Parda;
Agora tem vez a Guarda
E a raia no avento.
A João Cavalleiro, Castilhano.
Devoto João Cavalleiro,
Que pareceis Isaïas,
Dae-me de beber tres dias,
E far-vos-hei meu herdeiro.
Não tenho filhas nem filhos,
Senão canadas e quartilhos;
Tenho enxoval de guarda,
Se herdardes Maria Parda,
Sereis fóra d'empecilhos.
João Cavalleiro.
Amiga, dicen por villa
Un ejemplo de Pelayo,
Que una cosa piensa el bayo
Y otra quien lo ensilla.
Pagad, si quereis beber;
Porque debeis de saber
Que quien su yegua mal pea,
Aunque nunca mas la vea,
Él se la quiso perder.
Vai-se a Branca Leda.
Branca mana, que fazedes?
Meu amor, Deos vos ajude ;
Que estou no ataude,
Se me vós não accorredes.
Fiade-me ora tres meias,
Que ando por casas alheias
Com esta sêde tão viva,
Que ja não acho cativa
Gota de sangue nas veias.
Branca Leda
0lhade, mulher de bem,
Dizem qu'em tempo de figos
Não ha hi nenhuns amigos,
Nem os busque então ninguém,
E diz o exemplo dioso,
Que bem passa de guloso
O que come o que não tem.
Muita agua ha em Boratem
E no poço do tinhoso.
Vai-se a João do Lumiar.
Senhor João do Lumiar,
Lume da minha cegueira,
Esta era a verde pereira
Em que vos eu via estar.
Fiae-me hum gentar de vinho,
E pagar-vos-hei em linho,
Que ja minha lan não presta:
Tenho mandada hua besta
Por elle a antre Douro e Minho.
João do Lumiar.
Exemplo de mulher honrada,
Que nos ninhos d'ora a hum anno
Não ha passaros oganno.
I-vos, que sois aviada.
Emquanto isto assi dura,
Matae coan agua a seccura,
Ou ide a outremm enganar,
Que eu não me hei-de fiar
De mula com matadura.
Indo para casa de Martim Alho, vai dizendo:
Amara aqui hei d'estalar
Nesta manta emburilhada:
Oh Maria Parda coitada,
Que não tens ja que mijar!
Eu não sei que mal foi este,
Peor sem vezes que a peste,
Que quando era o trão e o tramo,
Andava eu de ramo em ramo
Não quero deste, mas deste.
Diz a Martim Alho.
Martim Alho, amigo meu,
Martim Alho meu amigo,
Tão secco trago o embigo
Como nariz de Judeu.
De sêde não sei que faça;
Ou fiado ou de graça,
Mano, soccorrede-me ora,
Que trago ja os olhos fóra
Como rala da negaça.
Martim Alho.
Diz hum verso acostumado:
Quem quer fogo busque a lenha;
E mais seu dono d'acenha
Appella de dar fiado.
Vós quereis, dona, folgar,
E mandais-ane a mim fiar?
Pois diz outro exemplo antigo,
Quem quizer comer comigo
Traga em que se assentar.
Vai-se á Falula.
Amor meu, mana Falula,
Minha gloria e meu deleite,
Emprestae-mne do azeite,
Que se me sécca a matula.
Até que haja dinheiro,
Fiae, que pouco requeiro,
Duas canadas bem puras,
Por não ficar ás escuras.
Que se m'arde o candieiro.
Falula.
Diz Nabucodonosor
No sideraque e miseraque
Aquelle que dá gran traque
Atravesse-o no salvanor.
E diz mais, quem muito pede,
Mana minha, muito fede.
Sete mil custou a pipa;
Se quereis fartar a tripa,
Pagae, que a vinte se mede.
Maria Parda.
Raivou tanto sideraque
E tanta zarzagania.
Vou-me a morrer de sequia
Em cima d'hum almadraque.
E ante de meu finamento,
Ordeno meu testamento
Desta maneira seguinte,
Na triste era de vinte
E dous desde o nacimento.

Testamento.

A minha alma encommendo
A Noé e a outrem não,
E meu corpo enterrarão
Onde estão sempre bebendo.
Leixo por minha herdeira
E tambem testamenteira,
Lianor Mendes d'Arruda,
Que vendeo como sesuda,
Por beber, at'á peneira.
Item mais mando levar
Por tochas cepas de vinha,
E hUa borracha minha
Com que me hajão d'encensar,
Porque teve malvasia.
Encensem-me assi vazia,
Pois tambem eu assi vou;
E a sêde que me matou,
Venha pola cleresia.
Levar-me-hão em hum andor
De dia, ás horas certas
Que estão as portas abertas
Das tavernas per hu for.
E irei, pois mais não pude,
N'hum quarto por ataude,
Que não tivesse agua pé
O sovenite a Noé
Cantem sempre a meude.
Diante irão mui sem pejo
Trinta e seis odres vazios,
Que despejei nestes frios,
Sem nunca matar desejo.
Não digão missas rezadas,
Todas sejão bem cantadas
Em Framengo e Allemão,
Porque estes me levarão
Ás vnhas mais carregadas.
Item dirão per dó meu
Quatro ou cinco ou dez trintairos,
Cantados per taes vigairos,
Que não bebão menos qu'eu.
Sejão destes tres d'Almada,
E cinco daqui da Sé,
Que são filhos de Noé,
A que som encommendada.
Venha todo o sacerdote
A este meu enterramento,
Que tiver tão bom alento,
Como eu tive ca de cote.
Os de Abrantes e Punhete,
D'Arruda e d'Alcouchete,
D'Alhos-Vedros e Barreiro,
Me venhão ca sem dinheiro
Atá cento e vinte e sete.
Item mando vestir logo
O frade allemão vermelho
Daquelle meu manto velho
Que tem buracos de fogo.
Item mais, mais mando dar
A quem se bem embebedar ,
No dia em que eu morrer,
Quanto movel hi houver
E quanta raiz se achar.
Item mando agasalhar,
Das orphans estas nó mans
As que por beber dos paes
Ficão proves por casar.
Ás quaes darão por maridos
Barqueiros bem recozidos
Em vinhos de mui bôs cheiros;
Ou busquem taes escudeiros,
Que bebão coma perdidos.
Item mais me cumprirão
As seguintes romarias,
Com muitas ave-marias,
E não curem de Monção.
Vão por mim a Sancta Orada
D'Atouguia e d'Abrigada,
E a Curageira sancta,
Que me derão na garganta
Saude a peste passada.
Item mais me prometti
Nua á pedra da estrema,
Quando eu tive a postema
No beiço de baixo aqui.
E porque gran gloria senta,
Lancem-me muita agua benta
Nas vinhas de Caparica,
Onde meu desejo fica
E se vai a ferramenta.
Item me levarão mais
Hum gran cirio pascoal
Ao glorioso Seixal,
Senhor dos outros Seixaes;
Sete missas me dirão
E os caliz encherão,
Não me digão missa sêcca;
Porque a dor da enchaqueca
Me fez esta devação.
Item mais mando fazer
Hum espaçoso esprital,
Que quem vier de Madrigal
Tenha onde se acolher.
E do termo d'Alcobaça
Quem vier dem-lhe em que jaça:
E dos termos de Leirea
Dem-lhe pão, vinho e candea,
E cama, tudo de graça.
Os d'Obidos e Santarem,
Se aqui pedirem pousada,
Dem-lhes de tanta pancada
Como de maos vinhos tem.
Homem d'Entre Douro e Minho
Não lhe darão pão nem vinho;
E quem de riba d'Avia for
Fazê-lhe por meu amor
Como se fosse vizinho.
Assi que por me salvar
Fiz este meu testamento,
Com mais siso e entendimento
Que nunca me sei estar.
Chorae todos meu perigo,
Não levo o vinho que digo,
Qu'eu chamava das estrellas,
Agora m'irei par'ellas
Com grande sêde comigo.

Fonte: http://www.joraga.net/gilvicente/pags/pranto.htm

quarta-feira, 4 de maio de 2011

TEXTO DA SEMANA

O QUE É, AFINAL, A VIDA?

Num lindo dia de sol, por volta do meio dia, fez-se grande silêncio na orla da mata. Os passarinhos haviam escondido suas cabecinhas sob as asas, e tudo descansava.

Foi quando o Bem-te-vi espiou por entre as folhagens da árvore e perguntou: "O que é, afinal, a vida?"

Todos se surpreenderam com esta pergunta difícil. O Bem-te-vi deixou o seu galho, deu uma grande volta pelo campo e voltou, em seguida, ao seu lugar, à sombra da árvore.

Uma Roseira, à beira do caminho, estava, nesse momento, abrindo um botão. Desenrolando uma pétala após outra, dizia: "A vida é só alegria e brilho".

Por entre o gramado denso, uma Formiga carregava uma haste dez vezes mais longa do que ela própria. Numa parada para descanso, disse: "A vida não é mais do que trabalho e cansaço".

Uma Abelha, voltando de sua excursão pelo campo, carregadinha de néctar, observou: "A vida é um misto de trabalho e prazer".
Ouvindo estas reflexões sábias, o Botão não pôde deixar de dar seu palpite: "A vida? A vida é uma luta no escuro".

Quase teria dado briga entre os animais, se não tivesse começado a chover. E a Chuva dizia: "A vida consiste de lágrimas, só lágrimas".

E a Chuva seguia adiante, para o mar; aí as Ondas se jogavam com toda a força contra a rocha e gemiam. "A vida é uma luta constante e sem êxito por liberdade".

Muito alto, no céu, uma Águia perfazia círculos majestosos, ela exultava: "A vida é um esforço para subir".

Não muito longe da margem, estava uma Árvore; já curvada pela tempestade, disse: "A vida é inclinar-se sob uma força maior".
Então veio a noite, silenciosamente. Uma Coruja deslizava pelo campo, em direção à mata, e disse: "A vida é aproveitar as oportunidades, enquanto outros dormem."

Finalmente, o silêncio cobriu o campo e a mata, após algum tempo. Chegou um jovem e caiu na relva, cansado de dançar e beber: "A vida é uma busca constante de felicidade e uma longa corrente de decepções".

De repente, a Aurora se levantou, em todo o seu esplendor, e disse: "Assim como o dia é um instante na vida, assim a vida é um instante da Eternidade".

"Há quem diga que a vida da gente é um nada no mundo.
É uma gota, é um tempo, que nem dá um segundo.
Há quem fale que é um divino mistério profundo.
É um sopro do criador, numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer.
Ele diz que a vida é viver"

(Gonzaguinha)

Texto do livro Viver e Conviver
Canísio Mayer

Meio Ambiente

Desequilíbrios Ecológicos
Por: Eliene Percília
Em busca de seu próprio conforto e de aperfeiçoamento da tecnologia, há muito tempo o homem vem promovendo modificações no ambiente, prejudicando o ecossistema do qual ele faz parte. O aperfeiçoamento tecnológico, industrial e científico, nos últimos tempos, tem provocado drásticas alterações na atmosfera, na água de mares, lagos, rios, e no solo. Além do mais, provocou desequilíbrio nas cadeias alimentares. Levando a extinção de certos componentes da cadeia alimentar, com isso provocou o aumento numérico de espécies de níveis tróficos mais inferiores produzindo efeitos muito desagradáveis.

• Poluição ambiental

Nem todo desequilíbrio ecológico é produzido pelo homem, como por exemplo, os incêndios acidentais provocados por raios devastando áreas florestais, no entanto, o homem é o maior causador de tais desequilíbrios. Dentre eles, o de importância maior, que é a poluição do ambiente.

• Poluição da água

Os principais poluentes da água são: lançamento de esgoto, detergentes, resíduos industriais e agrícolas e petróleo nos rios.

• Poluição atmosférica

Os poluentes encontrados no ar, principalmente das cidades industrializadas, são: monóxidos de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), fração particulada, óxido de nitrogênio (NO2) e óxido de enxofre (SO2).

• Inversão térmica

A camada de ar próxima à superfície do globo terrestre é mais quente. Sendo menos densa ela sobe e à medida que atinge alturas maiores vai esfriando. Com o movimento do ar as partículas sofrem dispersão. No inverno pode ocorrer inversão térmica, ou seja, nas camadas próximas ao solo fica o ar frio e acima dessa camada, o ar quente. Os poluentes liberados na camada de ar frio estacionam.

• Poluição radioativa

A poluição radioativa aumenta a taxa de mutação, uma de suas maiores conseqüências é o surgimento de variados tipos de câncer, alguns com cura desconhecida.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

EXPOSIÇÃO - FINAL DO TRABALHO

29 de abril, foi um dia bastante agitado na Bilioteca Escolar,porque recebemos a visitar dos alunos e professores para apreciarem a exposição final do projeto: Monteiro Lobato - O Maravilhoso Mundo da Leitura.
Cerca de trezentos alunos visitaram a Biblioteca durante a manhã e a tarde.
Os professores também estiveram acompanhando as turmas e trocaram ideias a respeito das obras de Monteiro Lobato.
Confira as fotos de nossos alunos:

Professora Aurélia Vasco e a turma 601






Os alunos assistiram ao vídeo sobre Monteiro Lobato




Professora Aurélia Vasco


Turma comemorando o sucesso da exposição


turma 502(tarde)


Em pé, professora Semiramis, História,estagiários e a turma 803


Professores Ocimar (Literatura), Rodrigo (Biologia), Olindina (Biblioteca)e Marly (Biblioteca)



Turma 802

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Nós agradecemos a colaboração da Professora Aurélia Vasco.O projeto foi um sucesso!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Projeto - A Desconstrução da Violência

Violência
Por ter características históricas de uma sociedade que estabelece limites para ações humanas e por conter indivíduos que decidem respeitar ou não esses limites, a violência pode ser considerada um fenômeno ao mesmo tempo social e individual.
As razões morais para praticar o bem e evitar o mal têm sido, historicamente, de natureza religiosa. Mas, para não optar pela violência que ameaça e inviabiliza as relações entre os sujeitos, é preciso que haja uma educação para a “não violência”.
É preciso buscar razões muito mais sólidas que o laico recurso “moral/imoral” e dar lugar às experiências éticas, colocando no ponto central do debate as faces que se julgam estar acima e além de toda lei e de todo limite.
Toda face que pode revestir-se de violência social, pode revelar o fracasso da ação educativa na sociedade humana. Seja na violação de leis, no silêncio cínico da má-fé ou nos centros de poder político, quando essas práticas se disseminam na sociedade, as consciências morais e éticas entram em conflito.
Desse modo, a violência é um problema social, que repercute de várias maneiras e razões no meio escolar, na forma de atos de violência e/ ou de vandalismo contra a escola e seus integrantes; atos de violência na escola; e atos de violência praticados pela escola ou seus dirigentes. (Pino, 1995).
As razões são várias, principalmente se considerarmos, conforme Pino (2007), que: a escola é uma espécie de caixa de ressonância das turbulências sociais que nos ocorrem diferentes meios de onde procedem a seus integrantes; a escola, frequentemente alheia ao que ocorre no meio em que está inserida, torna-se alvo fácil de ações predatórias e espaço predileto de circulação de produtos legalmente proibidos, como as drogas; a escola parece a mesma de séculos anteriores frente às mudanças que vêm ocorrendo na sociedade; os dirigentes da escola (direção, administração e corpo docente), com honrosas exceções, parecem não ter o feeling necessário para entender os sinais dos tempos; a instituição escolar traduz em si mesma, em maior ou menor grau, os processos e mecanismos históricos de exclusão social das crianças e jovens das classes populares.
Contudo, o desafio que se abre é que a escola pode incentivar os alunos para a compreensão dos valores realmente humanos, capazes de fornecer razões para não se optar pelo uso da violência, além de repensar sua função numa sociedade em constante mudança.
Eliane da Costa Bruini
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Pedagogia
Pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL

EXPOSIÇÃO MONTEIRO LOBATO

Na próxima sexta-feira, dia 29, estaremos concluindo o projeto Monteiro Lobato - O Maravilhoso Mundo da Leitura. A exposição sobre a vida e obra de Monteiro Lobato, assim como os trabalhos finais dos alunos das turmas 501,502,601 e 602 estarão exposto na biblioteca durante o dia inteiro.
Esperamos a sua visita!

FRATERNIDADE E A VIDA NO PLANETA

05 de junho Dia Mundial do Meio Ambiente
O Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado todo dia 5 de junho de cada ano. Esta data foi estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 15 de dezembro de 1972, durante a Conferência de Estocolmo, que tratou do tema Ambiente. Foi durante esta conferência que foi aprovada também o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
A criação desta data teve como objetivo principal a conscientização da população mundial sobre os temas ambientais, principalmente, aqueles que dizem respeito à preservação. Desta forma, a ONU procurou ampliar a atuação política e social voltada para os temas ambientais. Era intensão da ONU também, transformar as pessoas em agentes ativos da preservação e valorização do meio ambiente.
Nesta data, ocorrem diversos eventos no mundo todo. Palestras, campanhas educativas, documentários e eventos são realizados, em vários locais, com o propósito de despertar as pessoas para esta importante questão mundial.
Em muitos países ocorrem acordos ambientais e definição de políticas voltadas para a proteção do meio ambiente.
Esta data é muito importante nas escolas, pois os alunos, em estágio de formação, podem desenvolver uma consciência ambiental que é fundamental para o futuro do planeta.
O NOSSO MEIO AMBIENTE
Estamos sempre acompanhando na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos últimos anos.
A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus centígrados, ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa sul e sudeste), o número de desertos aumenta a cada dia, fortes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do planeta e as calotas polares estão derretendo (fator que pode ocasionar o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas). O que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas são unânimes em afirmar que o aquecimento global está relacionado a todos estes acontecimentos.
Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente, derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc.), na atmosfera. Estes gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Este fenômeno ocorre, pois, estes gases absorvem grande parte da radiação infravermelha emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor.
O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colabora para este processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais evidente nas grandes cidades, já se verifica suas conseqüências em nível global.
Conseqüências do aquecimento global

- Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo, está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da águas dos oceanos, pode ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades litorâneas;
- Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas. Somado ao desmatamento que vem ocorrendo, principalmente em florestas de países tropicais (Brasil, países africanos), a tendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas do planeta Terra;
- Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando estes tipos de catástrofes climáticas;
- Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas têm sofrido com as ondas de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças.
Protocolo de Kyoto

Este protocolo é um acordo internacional que visa a redução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em vigor em 16 fevereiro de 2005. O principal objetivo é que ocorra a diminuição da temperatura global nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do país.
Conferência de Bali

Realizada entre os dias 3 e 14 de dezembro de 2007, na ilha de Bali (Indonésia), a Conferência da ONU sobre Mudança Climática terminou com um avanço positivo. Após 11 dias de debates e negociações. os Estados Unidos concordaram com a posição defendida pelos países mais pobres. Foi estabelecido um cronograma de negociações e acordos para troca de informações sobre as mudanças climáticas, entre os 190 países participantes. As bases definidas substituirão o Protocolo de Kyoto, que vence em 2012.
Conferência de Copenhague - COP-15
A 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima foi realizada entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009, na cidade de Copenhague (Dinamarca). A Conferência Climática reuniu os líderes de centenas de países do mundo, com o objetivo de tomarem medidas para evitar as mudanças climáticas e o aquecimento global. A conferência terminou com um sentimento geral de fracasso, pois poucas medidas práticas foram tomadas. Isto ocorreu, pois houve conflitos de interesses entre os países ricos, principalmente Estados Unidos e União Européia, e os que estão em processo de desenvolvimento (principalmente Brasil, Índia, China e África do Sul).
De última hora, um documento, sem valor jurídico, foi elaborado visando à redução de gases do efeito estufa em até 80% até o ano de 2050. Houve também a intenção de liberação de até 100 bilhões de dólares para serem investidos em meio ambiente, até o ano de 2020. Os países também deverão fazer medições de gases do efeito estufa a cada dois anos, emitindo relatórios para a comunidade internacional.
Conheça um pouco do Protocolo de Quioto
Protocolo de Quioto é o resultado coercitivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática
O Protocolo de Quioto é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro de 1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990) e que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). Também reforça seções da CQNUMC.
Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa antropogênicas do aquecimento global.
Discutido e negociado em Quioto no Japão em 1997, foi aberto para assinaturas em 11 de Dezembro de 1997 e ratificado em 15 de março de 1999. Sendo que para este entrar em vigor precisou que 55% dos países, que juntos, produzem 55% das emissões, o ratificassem, assim entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004.
Por ele se propõe um calendário pelo qual os países-membros (principalmente os desenvolvidos) têm a obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no período entre 2008 e 2012, também chamado de primeiro período de compromisso (para muitos países, como os membros da UE, isso corresponde a 15% abaixo das emissões esperadas para 2008).
As metas de redução não são homogêneas a todos os países, colocando níveis diferenciados para os 38 países que mais emitem gases. Países em franco desenvolvimento (como Brasil, México, Argentina e Índia) não receberam metas de redução, pelo menos momentaneamente.
A redução dessas emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações básicas:
Reformar os setores de energia e transportes;
Promover o uso de fontes energéticas renováveis;
Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção;
Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos;
Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.
Se o Protocolo de Quioto for implementado com sucesso, estima-se que a temperatura global reduza entre 1,4°C e 5,8 °C até 2100, entretanto, isto dependerá muito das negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do aquecimento global.

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